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ABUSO DE ÁLCOOL

   O abuso de álcool representa um dos comportamentos de risco mais preocupantes, nomeadamente entre os estudantes do ensino superior. Hoje em dia, o consumo de álcool está incontestavelmente integrado na nossa cultura, funcionando como um processo de integração social. Além disso, muitas pessoas recorrem ao álcool devido às suas propriedades psicotrópicas, desinibidoras, euforizantes e ansiolíticas que permitem atenuar, de modo transitório, a ansiedade, melancolia, tédio ou até algum sentimento de inferioridade (Adés & Lejoyeux, 2004).

Mas quais as consequências do consumo abusivo de álcool?

   É importante não esquecer que, apesar de legalizado, o álcool é uma droga e o seu consumo abusivo traz consequências gravíssimas!

 

Consequências neuropsicológicas

  • Alterações em estruturas cerebrais que se manifestam em termos comportamentais e emocionais (Pechansky et al., 2004);

  • No caso dos jovens, como o córtex pré-frontal se encontra ainda em desenvolvimento, a aquisição de determinadas competências é prejudicada pelo consumo excessivo de álcool, tais como a aprendizagem de regras e tarefas focalizadas (Pechansky et al., 2004);

  • Também o hipocampo, associado à memória e a aprendizagem, é afetado (Pechansky et al., 2004);

  • Diminuição do número e qualidade das fibras nervosas do córtex cerebral estando muitas vezes associado a outras lesões como atrofia do cerebelo e lesões no tronco cerebral (Pechansky et al., 2004);

  • O consumo abusivo de álcool pode ainda causar confusão, desorientação, voz arrastada, prejuízos na atenção, irritabilidade, alucinações, depressão, ansiedade, ideação suicida, alterações psico-motoras (Borges & Filho, 2004).

 

Consequências sociais

   O abuso de álcool pode originar problemas individuais, sexuais e criminais que se refletem também a nível social.

   Os problemas individuais incluem o baixo rendimento escolar e profissional, prejuízos monetários, ferimentos causados por acidentes (Hibell, Andersson, Ahlstrom, Balakireva, Bjarnasson, Kokkevi & Morgan, 1997 citado por Matos, 2008). É importante salientar que a substância utilizada por adolescentes mais associada à morte é o álcool, sendo a principal causa dos acidentes de viação mortais (Pechansky, Szobot & Scivoletto, 2004).

   Os problemas sexuais envolvem experiências sexuais involuntárias e/ou sem protecção (Hibell et al., 1997 citado por Matos, 2008), ou seja, estar sob o efeito de álcool aumenta a possibilidade de violência sexual, uma maior probabilidade de contrair doenças sexualmente transmissíveis e um maior risco de gravidez indesejada (Pechansky, Szobot & Scivoletto, 2004).

   O consumo excessivo de álcool aumenta ainda a probabilidade de ocorrência de problemas criminais uma vez que aumenta o risco de envolvimento em lutas, cometer delitos e conduzir sob o efeito de álcool (Craig, 1991)

 

Consequências físicas

   O consumo abusivo de álcool pode trazer prejuízos graves em qualquer faixa etária. Contudo, os riscos na população mais jovem são agravados, seja por especificidades existenciais desta etapa do ciclo vital, seja por questões biológicas e neuroquímicas desta fase em que, na maioria dos jovens ainda está a decorrer um amadurecimento tanto a nível cerebral, como nos vários sistemas de órgãos do corpo (Pechansky, Szobot & Scivoletto, 2004).

 

Fígado

O consumo de álcool pode provocar doenças no fígado, como as esteatoses hepáticas, resultantes de uma dieta muito rica em lípidos, afetando entre 30% a 75% da população alcoólica, tendo estes consequências fisiológicas como a osteoporose, osteomalacia, anomalias sanguíneas e porfiria. Para além disso, as lesões no fígado devidas ao consumo de álcool, podem provocar também cirrose hepática (Richard & Senon, 2005).

 

Tórax

Ao nível do tórax, o álcool podem provocar traque-brônquicas, pneumonias de aspiração (Klebsiela, pneumococus), tuberculose e fracturas das costelas, esofagite, ginecomastia (Borges & Filho, 2004).

 

Abdómen e sistema gastro-intestinal

Náuseas, vómitos, ascite, hepatomegália, esplenomegália, circulação colateral e abdominal, gastrite, duodentite, cólon irritável, pancreatite, outras complicações decorrentes da cirrose hepática (Borges & Filho, 2004).

 

Aparelho musculo-esquelético

Gota, necroses assépticas da cabeça do fémur, miopatia e osteoporose (Borges & Filho, 2004).

 

Sistema genito-urinário

Impotência, alterações menstruais, infertilidade, atrofia testicular e diminuição do desejo sexual (Borges & Filho, 2004).

 

Outras consequências

Alterações a nível da dentição, lesões da orofaringe, disfonia, face plectórica, hipertrofia da parótida, conjuntivites e eritema cutâneo (Borges & Filho, 2004).

 

 

E agora que já sabe os riscos, o que vai fazer?

Proteja-se, beba com moderação! Divirta-se sem prejuízos!

Referências bibliográficas

 

Adès, J., & Lejoyeux, M. (2004). Comportamentos alcoólicos e o seu tratamento. Lisboa :Climepsi Editores.

 

Borges, C. F. & Filho, H, C. (2000). Uso, abuso e dependências – Alcoolismo e Toxicodependência. Lisboa : Climepsi Editores

 

Craig, R.J. (1991). Entrevista Clínica e diagnostica. Porto alegre: Artes Médicas

 

Matos, M.G. (2008). Consumo de substâncias: Estilo de vida? À procura de um estilo?. Lisboa: Instituto da Drogas e da Toxicodependência.

 

Pechansky, F., Szobot, C.M. & Scivoletto, S., (2004). Uso de álcool entre adolescentes: Conceitos, características epidemiológicas e factores etiopatogênicos. Revista Psiquiátrica, 26 (1), 14-17

 

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